domingo, 15 de janeiro de 2012

O quase, o diário quase...

Eu sempre gostei dos textos da Tati Bernardi. Eu me identifico, como quase todas as pessoas do sexo feminino, com um texto, um frase, que sempre diz exatamente o que você sente e tenta achar palavras para expressar. Aí vê que não consegue... Ah, mas ela consegue! E aí você curte, compartilha, vira seu subnick no MSN, numa tentativa desesperadora de gritar ao mundo o que sente, daquela frase se tornar a indireta que tantas vezes quis soltar, mas claro, dirá à todos que é só uma frase de uma escritora, ótima, por sinal.

Por dias pensei em milhares de formas de começar a escrever como venho me sentindo, sério, pensei mesmo... Abri a página do blog e falei: Hoje irei escrever. Mas não foi assim. Mas aí, aí achei a Tati, que sempre me salva no vale dos meus problemas.

Foi aí que achei esse texto, que foi adaptado, por mim, para mim e está sendo postado no blog. Talvez você deva lê-lo, adaptá-lo para você. Enfim, é isso.

Depois de tudo, de pensar em tudo, eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Por anos vem sendo isso. Quase. Acho que estou andando pra frente. Ontem ri tanto, tanto que quase fui feliz de novo. Relembrei milhares de coisas engraçadas do passado, tanta coisa, foi bom esses dias longe de tudo isso. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar tudo isso pra você. E fiquei triste de novo.
Nos últimos dias, ando dizendo que estou apaixonada de novo. Acredita nisso? Pensando em realmente investir em alguém. Mas, opa, espera, ele tem namorada... ou tinha, não sei. Ok, já estou indo pelo caminho errado de novo. Mas sabe, foi bom achar que estava quase me apaixonando de novo. E que quase poderia dar certo. De novo. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente.
Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias.
Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho. Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranquila em nada, feliz em nada. Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer me encontrar pra falarmos das nossas novas vidas? Das nossas escolhas?” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro…
Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.

Tati Bernardi - Adaptado

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